A subida do preço dos fertilizantes de até 32%, divulgada pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), não está relacionada diretamente à guerra da Ucrânia, mas “ao fenômeno que o conflito mostra”, segundo o professor de economia da Unicamp, José Maria Ferreira da Silveira.
“Na realidade, o preço dos alimentos vem subindo desde 2020. O fenômeno que a guerra mostra é a interdependência entre os países e os problemas de insegurança alimentar no mundo”, explicou, em entrevista à CNN Rádio.
De acordo com ele, qualquer ruptura nas cadeias produtivas gera choques inflacionários que prejudicam os mais pobres.
Quanto aos fertilizantes, o especialista disse que os preços “foram compensados até agora com as margens grandes que a agricultura tem trabalhado, embora se mantiveram elevados”.
“Estamos frágeis no futuro e o Brasil deve reduzir a dependência dos fertilizantes, especialmente químicos”, defendeu.
Segundo ele, o investimento em fertilizantes biológicos, na produção de soja e milho, já economizou bilhões para o Brasil anualmente.
“Devemos continuar buscando soluções baseadas nos fertilizantes biológicos, como nitrogênio para a soja e, agora, para o milho. Não devemos deixar de lado os insumos biológicos. Temos competência científica e técnica para isso, além de capacidade de ter sucesso.”
José Maria destaca, no entanto, que isso vai demandar tempo. Na soja, por exemplo, “a pesquisa vem sendo feito desde a década de 70”.